Tratamento desigual para iguas: Tratamento realmente desigual?
"A morte de Ayrton Senna comveu o país." Comoveu realmente? Com certeza; Entretanto, sensibilizando emocionalmente o Brasil e mostrando em primeira mão o ápice inesperado e prematuro de um grande nome brasileiro da Fórmula 1, os donos da mídia e do poder certamente não estavam pensando em promover como prioridade a imagem de um homem de bem e promissor (portanto, inspirador de tantos milhares de sidadãos comuns); Estes homens pensavam certamente no poder prático da notícia, no que ela lhes tocava.
Por quê a morte de Rosilene de Almeida foi tão pouco divulgada? A resposta é simples: embora Ayrton Senna fosse um ideal brasileiro, os ideais não são vivenciados pela maioria das pessoas; Já uma vida como a de Rosilene, muito mais real e comum para a maioria dos brasileiros e portanto para com eles muito mais identificável e próxima, teria muito mais sentida a perda. Isto, dentro de um país desigual socialmente como o Brasil, poderia ter uma repercussão muito forte, talvez capaz de alterar a estrutura das partes diretamentes responsáveis pelo drama póstumo da empregada doméstica. Para os donos do poder, isto já se mostrou históricamente inadmissível.
Mas será que o tratamento dado a estas pessoas difere tanto assim? Uma delas teve seu corpo destruído e sua identidade largamente ignorada; Outra teve sua imagem usada no mínimo para encobrir o acidente da outra, e assim acabou tendo a essência dos princípios com os quais caregara seu nome diluída em toneladas de merchandisings comerciais, embora seu corpo tenha sido preservado. No final das contas quem pôde ter mais descanso e segurança na morte, quando se analiza os fatos?
Tanto a morte de Ayrton senna Quanto a morte de Rosilene de Almeida representam duas maneiras de tratar os mortos que a sociedade impõe - maneiras diferentes, mas não pertencentes a diferentes extremos; Pois ambos os defutos foram profanados para um mesmo objetivo superior: deixar as coisas como estão, impedir o brasileiro de tomar definitivamente e com atitudes concretas as dores de seu próprio povo e continuar a perseguir ideais que quase certamente nunca alcancará.
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
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Pedro,
ResponderExcluirGostei muito do teu texto, ele mostra a influência na mídia em vários aspectos da nossa vida e também da morte, como foi o caso da repercussão da morte de Senna e a indiferença à morte de Rosilene. À mídia, cabe a tarefa de decidir quem importa e quem não é importante em nossa sociedade. A manipulação é marca forte quando estamos falando dela. Por que a população aceita essa manipulação? Será que a mesma tem consciência disso? Como daremos visibilidades às várias Rosilenes espalhadas pelo País? Faço esses questionamentos para que continuemos nossa reflexão sobre o tema proposto. Parabéns pelo texto.
Um abraço.